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Veja momento exato da explosão no centro do Rio! Quem será responsabilizado penalmente pelo ocorrido?
13/10/2011

O momento exato em que aconteceu a explosão em um restaurante no centro do Rio de Janeiro, na manhã desta quinta-feira (13), foi registrado pela câmera do Centro de Operações da prefeitura na Praça Tiradentes

Um laudo do Corpo de Bombeiros de agosto de 2010 afirmava que o restaurante carioca Filé Carioca, onde ocorreu a explosão que matou três pessoas na manhã desta quinta-feira (13), não tinha autorização para usar nenhum tipo de gás no local. A explosão deixou três mortos e 17 feridos e afetou grande parte do prédio onde ele fica instalado e interditou todo o quarteirão.

 

“A edificação não foi aprovada para utilização de gás combustível, seja sobre a forma de cilindro GLP ou canalizado (de rua), não sendo admitido e não sendo permitido o abastecimento de qualquer tipo de gás combustível sem prévia autorização da DGST”, diz o documento, se referindo à permissão da Diretoria Geral de Serviços Técnicos. Segundo a corporação, o edifício não tinha condições de segurança para abrigar este tipo de material.

A explosão teria origem na cozinha do restaurante. De acordo com a funcionária Michele Medeiros Santos, 29, os empregados da sentiram um forte cheiro de gás por volta das 7h e pediram que todos deixassem o local. “Este cenário é típico de uma explosão provocada por gás”, disse o coronel Sérgio Simões, comandante do Corpo de Bombeiros e secretário de Defesa Civil do Estado.

Até o fim da manhã foram retirados três botijões do restaurante. Os bombeiros ainda procuram uma série de botijões interligados que abasteciam o restaurante. “Até o momento encontramos três cilindros de gás de 13 kg. É proibido o uso de gás engarrafado em estabelecimentos como esse. É uma irresponsabilidade de quem utilizou esse tipo de gás”, afirmou Simões.

Bruno Castro, advogado do dono do restaurante, afirmou que o Filé Carioca prestará total apoio às vítimas. “O meu cliente está internado em uma clínica em estado de choque. O irmão dele acompanhava a abertura do estabelecimento todos os dias. Hoje não foi diferente. Ele [irmão] sofreu escoriações.”

Sobre o laudo dos bombeiros, Castro afirmou que deve analisar os documentos antes de se manifestar.

O coronel dos bombeiros disse que é impossível para a corporação investigar todos os casos irregulares. “É de total responsabilidade do Estado fiscalizar o uso de gás nos estabelecimentos, mas eu tenho uma equipe mínima que deve atentar todo o Estado do Rio de Janeiro. De fato, não conseguimos mensurar todos os estabelecimento irregulares”, afirmou.

O presidente do Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura e Agronomia), o engenheiro Clayton Guimarães, criticou a situação. “A prefeitura deveria fiscalizar uma vez que concede o alvará de funcionamento. Se existe uma dificuldade na fiscalização, é algo de ver discutido. Se ela não ocorreu, isso é um absurdo."

Segundo o atendente do estabelecimento Renato Fiel, 19, os cilindros de gás ficavam no subsolo, no mesmo local onde os funcionários trocavam de roupa. “Eu sei que o vazamento de gás começou ontem. Tinham seis cilindros de 45 litros de gás [cada um]”, disse Fiel.

Uma das pessoas feridas na explosão do restaurante, que era funcionária do local, relatou por telefone ao marido que o cheiro de gás era muito forte antes do acidente.

"Ela me ligou por volta das 7h30 e disse que havia um forte cheiro de gás no restaurante. Ela ficou na porta, esperando, e aí aconteceu a explosão", afirma o marido de Daniele, Edivaldo dos Santos da Silva. Ainda segundo a mulher, todos os funcionários ficaram do lado de fora do estabelecimento, exceto três deles, que decidiram entrar e morreram no local.

Os mortos, todos homens, são Matheus Maio Macedo, 19, Josimar Barros, 20, e Severino Antônio --cujo sobrenome e idade ainda não foram informados. Severino era o cozinheiro-chefe do restaurante e Josimar, sushiman.

Entenda

A explosão ocorreu em um prédio onde funciona, no térreo, o restaurante Filé Carioca, no número nove da praça Tiradentes, próximo à rua da Carioca.

O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informou que as ruas da Carioca, Assembleia e Visconde de Rio Branco foram interditadas. Com isso, o trânsito está bastante complicado. Além de cerca de 40 bombeiros,  equipes da Polícia Militar, da CET, Guarda Municipal e Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) também estão no local.

O Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), responsável pela perícia, disse que falará sobre o acidente apenas no laudo. A previsão é de que o laudo fique pronto em até 48 horas, segundo a Defesa Civil.

O prefeito Eduardo Paes, que foi ao local nesta manhã, também se esquivou de falar sobre as possíveis causas da explosão. "Vamos aguardar a análise da perícia para ver de fato o que ocorreu. Sei apenas que alguns feridos estão em estado grave, e que interditamos todo o quarteirão."

Cenário de devastação

A explosão destruiu totalmente o andar térreo de pelo menos dois prédios na praça. Os destroços foram lançados a uma distância de cerca de cem metros. Até o nono andar de um dos edifícios, há sinais de destruição, com muitos vidros quebrados. Na rua Visconde do Rio Branco, onde fica o edifício Riqueza, no número 9, o cenário é de devastação. O teto do primeiro andar desabou.

Com a explosão, porta de ferro automática do restaurante foi arremessada até o outro lado da rua, juntamente com um orelhão. A força da explosão arrancou galhos das árvores em frente ao restaurante. Do outro lado da rua, no chão, peritos demarcaram com giz rosa uma válvula de botijão de gás, supostamente do estabelecimento que explodiu.

 

Local do acidente

  • A explosão ocorreu em um prédio onde funciona, no térreo, o restaurante Filé Carioca, no número nove da praça Tiradentes, próximo à rua da Carioca, no Rio.

Responsabilidades

Para o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Sérgio Bandeira de Melo, ainda é cedo para avaliar a situação, mas os proprietários devem ser responsabilizados pelo acidente. Segundo ele, os equipamentos de gás, tanto do tipo liquefeito de petróleo (GLP) --de botijão-- quanto natural, devem ser armazenados em locais arejados e bem ventilados.

“O GLP é seguro e é usado em 95% dos lares brasileiros. O importante é que a instalação seja benfeita e tenha a ventilação adequada”, destacou. O presidente do Sindigás ressaltou que a explosão poderia ter sido evitada se os equipamentos contassem com a manutenção necessária.

A Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro (CEG) informou, por meio de nota, que não fornece, desde 1961, gás canalizado para o prédio onde houve a explosão. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, outros imóveis na região, como o hotel vizinho, contam com o serviço de gás canalizado.

Provavelmente o Proprietário do restaurante, que utilizava irregularmente botijões de gás, será responsabilizado  penal e civilmente pelos 03 (três) homicídicos e as diversas lesões corporais causadas.

*Com informações de Hanrrikson de Andrade, no Rio, e das agências Estado e Brasil

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