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Educação inclusiva para o aluno com Transtorno do Espectro do Autismo
06/01/2023

Por Sandro Caldeira*

 

Introdução

Atualmente, professores e instituições de ensino possuem um grande desafio: o de intervir na diversidade, buscando atender pedagogicamente crianças e adolescentes, denominadas atualmente com a nomenclatura de Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD). A busca de alternativas metodológicas para despertar atenção e poder trabalhar com estes alunos merece atenção especial dentro do contexto pedagógico, na busca de melhora da aprendizarem, interação e da qualidade de vida desses alunos.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – IV, 2002, p. 98), elaborado pela Associação Psiquiátrica Americana, algumas características comuns, agrupam estes transtornos, vejamos: “comprometimento em diversas áreas do desenvolvimento: habilidades de interação social recíproca, habilidades de comunicação ou presença de estereotipias de comportamento, interesses e atividades”.

O Autismo ou Síndromes do Espectro Autista,  assim como a Síndrome de Rett, da Desordem Desintegrativa da Infância, da Síndrome de Asperger e do Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação, se constituem nos Transtornos Globais de Desenvolvimento (TGD) ou Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID).

De acordo com recente Censo Escolar divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Brasil registrou aumento de 37,27% no número de alunos com transtorno do espectro autista (TEA) matriculados em classes comuns, no intervalo de 01(um) ano (2018). Trata-se de cenário positivo sob o ponto de vista da educação inclusiva, mas que envolve o desafio de garantir uma aprendizagem significativa ao aluno atípico, principalmente ao professor, que precisa repensar métodos e buscar novas habilidades para desenvolver aulas que se apresentem inclusivas.

E importante que o professor busque conhecer o aluno, pois cada indivíduo com TEA apresenta aspectos e comportamentos diversos.

“É importante  que o professor conheça  este aluno, tenha contato com sua família, bem como com os profissionais externos que o acompanham, para assim, poder conhecer melhor sobre o transtorno.

 

Identificando alguns sinais do autismo

Sabe-se que a relação interpessoal, manifestada por demonstração de afeto, como o abraço, por exemplo, pode ser difícil para pessoas com autismo em função da hipersensibilidade corporal, entretanto existem outros sinais que podem auxiliar nessa identificação:

  • atraso na fala em comparação a outras crianças da mesma faixa etária;
  • interesses restritos a determinadas coisas como gostar em excesso de certo brinquedo de forma a ficar significativamente chateado caso fique sem;
  • balançar o corpo do mesmo jeito por longo período, ou balançar as mãos, ou objetos;
  • hipersensibilidade a sons, toque, luzes ou sabores;
  • dificuldade em ficar em lugares barulhentos ou dificuldade com a textura de materiais, como massinha, ou algo áspero.

 

Como elaborar uma aula inclusiva?

Muitas vezes, o professor pensa que, em razão da condição atípica do aluno, o processo de desenvolvimento de aprendizagem não vai acontecer ou, de alguma forma, ele não é capaz  de realizar essa tarefa, por não possuir nenhuma especialização na área. É claro que quanto mais preparado estiver o professor ==, melhor será sua autoconfiança nesse processo. O mais importante é sabermos que todas as crianças estão em desenvolvimento e possuem potencial de aprendizagem e, no caso do autismo, não é diferente. Mesmo sabendo que há diferenças entre um aluno atípico e outro não, todos podem aprender, claro, que cada dentro de suas possibilidades. Esse é o desafio!

 

Atividades para crianças autistas: dicas para melhorar o desenvolvimento -  Supera

O Planejamento. A partir do momento em que o professor já sabe um pouco do sobre o aluno com TEA, é necessário desenvolver estratégias de ação. É importante que o professor busque uma rede de apoio para esse planejamento, que consiste em: ouvir a família; os terapeutas que atendem a criança, os quais podem contribuir com informações.

 

Organizando a sala de aula

A organização das áreas na sala-de-aula apresenta-se como relevante para a melhora do prendimento do aluno atípico. Assim, por exemplo deve ser evitada a proximidade desse aluno de janelas e espelhos, pois prejudicam as áreas de trabalho pela distração que acabam causando.

 

Os materiais

A utilização de figuras, códigos de cores, símbolos numéricos, retratos, podem ajudar os alunos a marcar, buscar ou guardar os materiais de forma independente.

Persistir na estratégia.

É importante saber que muitas vezes a criança poderá apresentar alguma resistência, e o professor  não pode desistir de uma atividade ou de um processo que foi planejado. Lembre-se que é preciso dar um tempo para as coisas acontecerem, insistir um pouco mais.

Flexibilidade e criatividade.

Quando falamos em alunos atípicos, a flexibilização e a adaptação do currículo são fundamentais.

Devemos identificar e absorver os progressos na Educação. Muitas vezes, desejamos a perfeição em nossos resultados pedagógicos, mas a realidade é que na educação especial e no ensino inclusivo isso não vai acontecer, pois não estamos falando  sobre perfeição, mas sobre progressos.

Assim, é essencial que o professor identifique em quais áreas da educação desenvolveu novas técnicas, novas abordagens, visando implementa-las nos próximos planejamentos pedagógicos. Portanto, pensar em inclusão envolve todos esses pontos, esse enfrentamento de uma mudança de ação diante da criança cujo desenvolvimento é diferente.

 

 Sandro Caldeira*

  • Especialista em Alta Performance Humana na área da aprendizagem com certificação pelos European Coaching Association, Global Coaching Comunity, International Association of Coaching e Beharioval Coaching Institute.
  • Palestrante;
  • Professor;
  • Autor
  • Criador do “Jeito Legal de Estudar Direito”.
  •  site: sandrocaldeira.com

 

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